L'estaca
Lluís LlachGALIZIANO [ Músicas Galegas amb Catalunya, 2017] | |
A ESTACA O avô Siset falava-me pela manhã no umbral enquanto o sol esperávamos e as carroças a passar. Siset, tu não vês a estaca a que nós estamos atados? Se não nos livrarmos dela Não podemos caminhar! Se a puxarmos, ela cairá e não muito mais durará, certinho tomba, tomba, tomba bem carcomida já está. Se eu a puxar com força aqui e tu a puxares com força aí, certinho tomba, tomba, tomba e podemo-nos libertar. Mas, Siset, já passei muito, dilaceram-se-me as mãos, e quando a força me falta já não se pode aguentar. Bem sei que está ‘podrecida mas, Siset, está a pesar tanto, que às vezes a força me falha. Repete lá o teu canto: Se todos puxarmos, ela cairá e não muito mais durará, certinho tomba, tomba, tomba bem carcomida já está. Se eu a puxar com força aqui e tu a puxares com força aí, certinho tomba, tomba, tomba e podemo-nos libertar. O avô Siset já nada diz, maus ventos o afastaram, só ele saberá para onde e eu aqui no meu umbral. E enquanto passam os novatos estico o pescoço a cantar a canção última do Siset, a canção que me ensinou. Se a puxarmos, ela cairá e não muito mais durará, certinho tomba, tomba, tomba bem carcomida já está. Se eu a puxar com força aqui e tu a puxares com força aí, certinho tomba, tomba, tomba e podemo-nos libertar. | L'ESTACA O avô Siset falava, umha manhã no portal enquanto o sol aguardávamos, e os carros víamos passar. Siset, ti nom vês a estaca onde estamos bem atados? Se nom podemos ceivar-nos nunca poderemos caminhar! Todas puxando, ela cairá e muito tempo nom há durar seguro que tombar, tomba, tomba, bem carcomida há estar já. Se puxo forte para aqui, ti puxas forte para lá, seguro que tomba, tomba, tomba, e havemo-nos liberar. Mas, Siset, há muito tempo já, que tenho as mãos esfoladas e quando a força me falta, ela é mais larga e mais grande Bem sei que a estaca está podre, mas, pesa tanto, Siset, que às vezes fico sem força, di-me outra vez o cantar. Todas puxando, ela cairá e muito tempo nom há durar seguro que tombar, tomba, tomba, bem carcomida há estar já. Se puxo forte para aqui, ti puxas forte para lá, seguro que tomba, tomba, tomba, e havemo-nos liberar. O avô Siset nom di nada, um vento mau o levou só el sabe para onde, e eu embaixo do portal. E enquanto os novos passam, ergo o pescoço a cantar o derradeiro canto do Siset, o derradeiro que ensinou. Si estirem tots, ella caurà i molt de temps no pot durar. Segur que tomba, tomba, tomba, ben corcada deu ser ja. Si jo l'estiro fort per aquí i tu l'estires fort per allà, segur que tomba, tomba, tomba, i ens podrem alliberar. |