L'âge idiot
Jacques BrelVersione portoghese | |
L'ÂGE IDIOT | A IDADE PARVA |
We lose our minds at twenty years When our stomachs cramp with hunger When we believe that to cleanse our hearts We only have to wash our hands We have eyes larger than bellies Eyes larger than our hearts When our hearts should care so much And our eyes should be full of dreams Across the fields of Armageddon Comes the thunder of the drums And the distant cry of bugles As we watch the setting sun And prepare to face the night In our freezing barracks | A idade parva é às vinte Primaveras, quando a barriga arde de fome. Acredita-se que ao lavar as mãos se lavam também os problemas... É quando se tem mais olhos que barriga, é quando se têm os olhos maiores que o coração, é quando se tem o coração ainda demasiado terno... É quando se têm os olhos ainda cheios de flores… E que bem cheiram os campos de luzerna a tambores mal rufados... É quando se reconhecem os clarins desmaiados e os leitos da pequena virtude. E quando se adormece todas as noites nas casernas. |
We lose our minds at thirty years When our stomachs start to spread When our stomachs take control And eat away our hearts When our eyelids grow so heavy When the eyes mark off the hours We realise that now, at thirty The countdown begins at last And all the old men In their caverns Who treat God as a fool Each evening light great fires They rub together women's hearts We start to feel We have been damaged By our years in those barracks | A idade parva é às trinta Primaveras, quando a barriga começa a crescer. Quando o ventre se impõe e desautoriza o coração... Quando os olhos pesam mais, quando os olhos marcam as horas. Eles que sabem que às trinta Primaveras começa a contagem decrescente... E que se abandonam os velhos na sua caverna, e que se põem umas orelhas de burro a Deus... Mas, que à noite, se acendem luzes quando se esfregam dois corações de mulher, e já se sentem algumas saudades do tempo das casernas... |
We lose our minds at sixty years When our stomachs roll with fat When our stomachs swell so much They almost crush our hearts When our eyes run out of tears And are lost in drifts of snow When our eyes lose all their power When our eyes can fight no more And all we feel for those we love Is patience as we wait For the old to return home Or for the young to leave And we return to the protection Of the barracks | A idade parva é às sessenta Primaveras, quando a barriga se bamboleia, quando a barriga se avoluma até fazer inchar o coração... Quando os olhos não têm mais lágrimas, quando os olhos arrefecem, quando os olhos perdem o feitiço, quando os olhos entregam as armas... Quando se ressentem os amores, mas se sente resignação para com os velhos e a sua decadência, ou para com os demasiado jovens de partida... Quando se acredita estar protegidos pelas casernas... |
We finally lose our minds in death Like our stomachs, cold and rotting Our lips now sewn together Our hands laid out to guard the heart At last our eyes are opened wide But unable now to see Alone in darkness we decay Lost for always to all light The golden age lies beyond hell Where no wealth can buy our freedom Once more we're as the unborn child Within the belly of the Earth Our golden age is when we sleep In our final barracks | A idade de ouro é quando se morre, quando se fica de barriga para o ar. Quando se fica escondido debaixo da barriga, com as mãos protegendo o coração... Quando enfim se tem os olhos abertos, mas já não se vê nada, quando se olha a claridade e as suas nuvens penduradas... A idade de ouro é depois do inferno, é depois da idade de prata, onde se fica de novo menino, dentro do ventre da terra... A idade de ouro é quando se adormece na última caserna... |